O custo solar, por Sergio Colle

Chamou atenção a entrevista que o comerciante alemão Helmut Gauges concedeu a Estela Benetti em 28/03. A razão é que o Brasil é um país muito especial no cenário mundial das energias renováveis à medida que dispõe de oferta bruta de energia hidráulica, eólica e biomassa da cana de açúcar de 3,5 gigawatt (cerca de 25 usinas de Itaipu). O custo por kW dessas modalidades varia entre US$ 1,2 mil e US$ 2,6 mil. Nenhuma outra forma de geração renovável, mesmo considerando-se os impactos ambientais, compete com essas energias. Assim, o discurso de apelo às energias renováveis no Brasil não pode ser a reedição de discursos da Europa, Japão e China. É oportuno registrar que os chuveiros elétricos reservam cerca de 25% da potência de geração de Itaipu, o que equivale a investimentos em geração, transmissão e distribuição de US$ 5,25 bilhões. Essa aberração de consumo de energia nobre é única no planeta. O Lepten/UFSC conduz estudos de energia solar desde 1991. Com o CPTEC/Inpe foi o laboratório executor do projeto SWERA, do qual resultou uma base de dados solares de referência.Desses estudos conclui-se que a substituição de 50% dos chuveiros elétricos por energia solar incrementaria o mercado brasileiro em cerca de 4 milhões de metros quadrados de coletores solares planos. A economia em geração, transmissão e distribuição poderia financiar, integralmente, aquecedores solares para consumidores de baixa renda. Por outro lado, a energia solar fotovoltaica ancorou-se marginalmente nos mercados dos países produtores graças, unicamente, a subsídios governamentais à medida que o custo de geração é da ordem de US$ 6,5 mil por kW-pico instalado. Considere-se que o custo de geração termosolar, já em expansão nos EUA, Espanha e Índia, é da ordem de US$ 3 mil por kW, ao passo que o custo da geração nuclear é da mesma ordem de grandeza.